Westworld (2016 - )


Westworld é o seguramente o lugar onde o Passado, o Presente e o Futuro se reúnem. Ou reuniram. Foi em 2016 que pela mão da HBO, Jonathan Nolan e Lisa Joy viram o seu projecto de mais de três anos chegar aos pequenos ecrãs de todo o mundo. Com uma produção e detalhes técnicos ao nível do que se vê em Game of Thrones, Westworld não vive só dos truques e técnicas state of the art da indústria cinematográfica. As performances de todos os actores são de uma elegância sublime. E depois há Anthony Hopkins, Evan Rachel Wood, Thandie Newton e Jeffrey Wright, que merecem um hats off geral. A autenticidade da representação é dos pontos fortes da série, com os actores a mergulharem no complexo mundo de cada uma das suas personagens.



Com a premissa emprestada de um filme de 1973 com o mesmo nome, Westworld dá nome ao mais realista e empolgante parque temático que já ouviste falar. Vivemos mais do que nunca os tempos em que a ficção científica deixará de ser vista como ficção. Ficção será falar em levar humanos para Marte, mas até isso parece estar ao virar da esquina do tempo. Andróides dotados de inteligência artificial já nos entram diariamente pela televisão a dentro em spots publicitários, o que coloca Westworld num futuro não muito distante deste sábado, vinte e um de abril de dois mil e dezoito.

Talvez não muito off the topic é o que se passa por terras nipónicas, onde as chamadas sex dolls vêm a sua popularidade a crescer, havendo já quem se 'enamore' por elas. Manequins de silicone em substituição de pessoas de verdade. Estranho? O mundo é um lugar estranho. Mas se a essas réplicas humanas de silicone lhes déssemos uma personalidade, uma história de vida, dilemas próprios... basicamente tudo o que nos caracteriza enquanto ser pensante, será que os japoneses ainda iam preferir a experiência humanóide completa?

Partir de algo inanimado, que apenas replica a fisionomia humana, para depois lhe conceber a capacidade de nos compreender, falar, discutir, argumentar, etc, tudo isso enquanto a máquina se assemelha a um vulgar humano em termos de comportamento, é algo que já está em curso. O futuro está aí. Em Westworld conseguiram explorar as questões que a tecnologia levanta enquanto avança exponencialmente rumo ao infinito das possibilidades. 



O hiper realismo toma a forma de narrativas do velho oeste norte americano, histórias essas protagonizadas por andróides "anfitriões" do parque, andróides com alguma consciência que cumprem papéis tal e qual estão escritos no guião. Ou então não. Imaginem um parque de diversões onde não se aplicam as leis ditas normais e onde só tu tens liberdade. O problema é que te dão a liberdade toda. Decerto já alguma vez te ocorreu que gostavas de fazer algo, mas que pensando bem não podes porque há regras a cumprir, coisas a fazer. Da mesma maneira já quiseste também largar tudo e partir para uma aventura daquelas que só se lêem em livros, mas acabas por perceber que não irás fazer isso porque na vida real as coisas são diferentes. Pois bem, Westworld oferece um mundo minuciosamente construído onde podes ser quem quiseres, fazer o que quiseres, enfim, as possibilidades são infindáveis, basta que estejas disposto a desembolsar uma pequena fortuna para passar umas belas férias a brincar aos cowboys. 

Mas a história avança, o plot adensa-se, as intrigas aumentam, as dúvidas também. Quem não viu tem que ver. Tudo o que tenha Nolan lá por cima tem também uma qualidade intrínseca, e aqui Jonathan Nolan fez jus aos seus anteriores trabalhos como argumentista. Mas há mais. Prepara para te deliciares com a banda sonora de Ramin Djawadi, onde músicas do imaginário de Radiohead, Soundgarden, Rolling Stones ou The Cure são despidas e revestidas pela arte deste senhor. Não só, mas em grande parte. Assim, ao longo de dez episódios vai-se desvendando o enigma que é a natureza humana, degrau a degrau até à salva de palmas apoteótica final. 





Quem por outro lado já viu a primeira temporada não leu aqui nenhuma novidade, mas vê a sua espera chegar ao fim já amanhã. O primeiro episódio do segundo capítulo está a horas de sair. Por um lado até é bom não ser Neflix, caso contrário amanhã ninguém dormia.



Até à próxima,

rafael silva


Lê mais artigos como este em: Séries no Notas Longas 

Comentários

  1. Série a seguir. Embora não a tenha visto, suponho que seja uma crítica à sociedade em que vivemos, sobretudo ao avanço da tecnologia e em como ela pode influenciar as nossas atitudes perante a vida como até então conhecíamos .

    ResponderEliminar

Enviar um comentário