Nunca tinha ouvido falar de tal banda, mas U.S. Girls é um projecto de Meghan Remy que dura há já mais de uma década. Nem sempre bem aceite pela "crítica da especialidade", ganhou notoriedade em 2015 com Half Free, colhendo elogios de várias partes. Tal como em 2015, A Poem Unlimited foi também ele cozinhado à base de colaborações. Vários foram os músicos, doze na totalidade, que se juntaram a Meghan. A maior parte deles com background de jazz, entregam a este álbum a excelência técnica e musical que intrinsecamente ele precisava.
Experimental é a palavra chave. Noise-Pop é a prateleira em que a Wikipedia coloca o som de U.S. Girls, mas não sei... se antes soava a isso, de certo agora isso não acontece. Das duas vezes que ouvi o disco sempre me pareceu ouvir certos 'quês' reminiscentes do Rumours dos Fleetwood Mac de 1977, e até do The Kick Inside da Kate Bush lançado no ano seguinte. Nessa era de experimentação musical, muitos foram os grupos que escolheram explorar novos horizontes para aprimorar a sua arte, e estes dois álbuns não só não fugiram à regra como se conseguiram eternizar à sua maneira. Para além da voz feminina em primeiro plano ser transversal aos três álbuns, nota-se em A Poem Unlimited essa exploração sónica de outros tempos.
Sem sabermos muito bem ao que vamos somos logo ejectados para a órbita. Velvet 4 Sale é a primeira do disco, abrindo ao de leve as portas do mundo experimental-psych-dream-jazz-pop de U.S. Girls. Sensivelmente a meio do disco somos impelidos pelo groove dançável de Rosebud durante uns minutos antes de a paisagem mudar para um concerto de St. Vincent, em Incidental Boogie. Um incidente bastante épico e cheio de power. Sem nunca defraudar as primeiras impressões positivas da metade inicial do álbum, a viagem continua ao som de refrões pincelados com as mais doces texturas do pop dos anos 70 e 80. Pearly Gates brinda-nos com um desses refrões e Poem introduz-nos à dimensão paralela do Synth-Pop, preparando-nos para o fim da viagem. É ao som de Time que nos apercebemos que o arco-íris acaba aqui, e olha, um pote de ouro. Para mim a melhor, sem dúvida. Experimental. Psicadélica. Contagiante. Alucinante. Ao estilo dos Pink Floyd (na altura dos ácidos).
Fim da história, um random click que surpreendeu logo à partida e por mérito próprio acabou no Notas Longas. Vão ouvir!
rafael silva
rafael silva
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